O que é o Lipedema?

É uma doença descrita pela 1ª vez em 1940, mas pouco comentada desde então. Levantamos recentemente uma bandeira de conscientização dessa doença que acomete 11% das mulheres e pouco conhecida.

O lipedema é chamado também de Síndrome da Gordurosa Dolorosa, já que é uma doença de acúmulo de gordura inflamatória diferente da gordura normal tanto na composição, tamanho, formato e resposta hormonal. 

Usualmente é uma gordura com formação de nódulos abaixo da pele, que se acumula em áreas típicas e acomete principalmente as mulheres.

Essa gordura com estrutura molecular modificada tem diferente resposta ao exercício físico, tem produção e resposta hormonal diferente, e picos de aumento do seu volume e dor local associados a gatilhos inflamatórios como ganho excessivo de peso, mudanças

Qual a Causa do LIPEDEMA?

Não se descobriu até hoje uma causa exata para desenvolvimento do lipedema. Mas sabemos que existem fatores muito importantes para o desenvolvimento e progressão da doença como:

– Fator genético: a doença é hereditária em sua grande maioria, tanto por parte da família materna quanto paterna para 60% das mulheres das gerações seguintes, mas pode pular algumas gerações.

O comentário “família das mulheres de pernas grossas” é muito frequente nessas mulheres. Entretanto, não se identificou até o momento o gene ou mutação ou característica de expressão genética esteja totalmente relacionada com o desenvolvimento ou não dessa doença.

– Fator hormonal: períodos de grande variação hormonal estão associados ao início ou progressão ou piora dos sintomas do lipedema como gestação, puerpério e menopausa, uso de hormônio terapia ou anticoncepcionais de alta dosagem ou grande ganho de peso.

– Fatores inflamatórios externos: Sabemos também que são necessários gatilhos e desencadeantes inflamatórios como:

– Estresse;

– Noites mal dormidas;

– Consumo de alimentos inflamatórios;

– Ganho de peso;

– até algumas medicações ou procedimentos cirúrgicos.

Como saber se tenho Lipedema?

Os principais sinais são:

– Acúmulo de gordura de forma desproporcional: cintura fina e perna grossa, corpo magro x quadril largo e perna gorda.

O corpo da cintura para cima não combina com as pernas. Tornozelo muito grosso dito “em tronco de árvore”, canela que emenda com o pé.

Acúmulo de gordura acontece principalmente nas pernas, mas pode acometer quadril e os braços.

– Sinal do manguito ou do garrote: acúmulo de gordura da perna que para abruptamente no tornozelo e/ou punho, frequentemente confundido com inchaço e poupa os pés e mãos.

– Dor desproporcional nas pernas, pior a palpação ou pressão.

– Hematomas espontâneos.

– Celulite e flacidez em quadril, coxas e panturrilha. Hipertrofia muscular fica escondida em baixa da camada de gordura. 

– 50% está associado a obesidade, mas o lipedema não responsável pelo acúmulo de gordura visceral 

Como é feito o diagnóstico do Lipedema?

O Diagnóstico é clínico e feito pelo vascular especialista em lipedema.

Alguns exames podem ser usados para esclarecer diagnósticos diferenciais e realizar o acompanhamento. 

Um estudo brasileiro definiu algumas medidas de ultrassom em pontos específicos da perna que estão mais associados com o diagnóstico de LIPEDEMA.

Esse exame de ULTRASSOM não é encontrado em laboratórios e hospitais porque é um exame com protocolo especial para esse diagnóstico e feito por especialistas na área.

Na minha clínica eu faço esse exame de grande valia diagnostica. 

Além do ultrassom outros exames podem ser solicitados como Bioimpedância com segmentação corporal, densitometria óssea com avaliação corporal por DEXA, tomografia e a ressonância. 

Qual é o tratamento para o lipedema?

O tratamento é multidisciplinar e pautado em 5 PILARES:

1 – Dieta anti-inflamatória, lembrando sempre que há uma bioindividualidade de cada paciente.

O que te inflama, pode não inflamar a sua amiga. Dentro desse pilar anti-inflamatório fazemos uso de alguns manipulados que ajudam no controle da inflamação e melhoram dor, inchaço, aspecto da pele e até o volume do membro. 

2 – Atividade Física balanceada feita de forma consistente. 

3 – Drenagem linfática localizada.

4 –  Apoio Psicológico é essencial para o sucesso do tratamento e conscientização da doença.

É necessário alinhamento de objetivos, realidade e expectativas para evitar abandono de tratamento e frustrações.

O lipedema pode se associar com transtornos alimentares, depressivos, bipolar e de ansiedade.

5 – Cirurgia é último pilar e deve ser encarado com bastante seriedade.

Afinal é uma doença inflamatória que precisa estar muito bem controlada para chegar nessa etapa com sucesso.

Uma cirurgia indicada de forma precoce pode levar a uma crise inflamatória ainda pior nas pernas.

A busca desesperada por uma melhora estética instantânea tem levado diversas mulheres a correr riscos extremos pela busca das pernas perfeitas.

Consulta os especialistas: vascular, nutricionista, educador físico, fisioterapeuta para planejamento de um tratamento exclusivo para as suas necessidades.

Tem cura?

Não, o lipedema é uma doença crônica assim como a pressão alta e o diabetes, precisa ser acompanhamento e controlado durante toda a vida para evitar progressão da doença, crises inflamatórias e complicações como alterações de pele, alterações psíquicas, infecções, alterações ortopédicas e de marcha.

Por isso foco sempre muito na mudança de estilo de vida.

É possível conviver bem com a doença, sem dor e bom controle do volume de gordura. 

Tenho Lipedema, minha filha vai ter? Como posso prevenir?

O fato de ser uma doença hereditária pode sim estar associado a transmissão para as gerações seguintes, e isso nos traz o alerta para acompanhamento médico especializado de forma precoce, fazendo o diagnostico em fases iniciais da doença.

A genética não podemos mudar, mas é possível ter um estilo de vida que evite os desencadeantes inflamatórios comportamentais desde muito jovem, diminuindo a expressão da doença. 

Onde o lipedema pode acometer?